sexta-feira, 16 de agosto de 2019


Qual tipo psicológico é predominante em você?

       Nossa consciência possui um certo número de funções que orienta nossa manipulação do meio que nos cerca. Entre elas temos as mais conhecidas: sensação, pensamento, sentimento e intuição. Pensamento e sentimento; sensação e intuição, são funções contrárias que possuem energia psíquica oposta, ou seja, se você é do tipo pensamento, provavelmente terá dificuldades com os sentimentos ou vice-versa e se é do tipo sensação, terá dificuldades com a intuição ou vice-versa.

É bom lembrar que seu tipo psicológico é predominante, isso não quer dizer que você não possua as outras funções, mas que elas funcionam em segundo plano na maioria das situações.

     Caso você se ache dotado de um perfeito raciocínio e intelectualidade e é dirigido por ela, provavelmente seu tipo psicológico predominante seja o pensamento. As pessoas do tipo pensamento tem o dom de conceber saídas novas para os problemas, podem pensar qualquer coisa totalmente diferente ou no contrário de alguma hipótese e, geralmente, como seu oposto, tem medo de serem tomados pelos sentimentos e tendem a reprimi-los. É aí que você pode ser “possuído” por eles além da sua vontade. Geralmente controlam os sentimentos a punhos de ferro, pois sabem onde mora o perigo. 

       Antes de falar sobre as pessoas dirigidas pela função sentimento, é importante lembrar do seu conceito e acredito não ser muito conhecido: O sentimento é o valor que damos às situações ou às coisas, ou seja, se ela é aceitável, nos agrada ou não.


  Se você é uma pessoa que possui grande comunicabilidade, demonstrando grande senso de valoração e consegue criar situações que envolvam sentimento e vivê-las, pode-se dizer que você é do tipo sentimento e, muito provavelmente, possui dificuldades na função pensamento. Geralmente essas pessoas se aborrecem com raciocínios ou certo tipos de ideias e, por vezes, são subitamente tomadas e enroladas por eles, tornando-se escravos dos pensamentos em determinados momentos.    


Se você é o tipo de pessoa com agudo senso de observação objetiva, provavelmente sua função predominante seja sensação. Dá uma olhada no seu instagram: se você costuma postar fotos de uma mesa muito bem decorada, com uma taça e flores na janela ou quando para a olhar o horizonte as linhas de direção de seus olhos convergem num determinado ponto, já sabe! Pode-se dizer que essas pessoas tem dificuldades com sua intuição. Para as pessoas do tipo sensação, algo só é verdadeiro quando é real, concreto e, se lhe tiram as quatro paredes que lhe cercam, parece que o mundo desaba.

       Mas existe ainda uma função que, quando utilizada, não se sabe explicar de onde vem: a intuição. Se você é do tipo intuitivo, seus olhos costumam cobrir a superfície das coisas, ver o todo e não se prende a detalhes. Sabe que a coisa é, não sabe como se processou mas, simplesmente é. Seu oposto é a sensação e essas pessoas comumente se irritam quando lhes é posto a realidade concreta e, nisso, quase sempre fracassam. Coloque-o entre quatro paredes e ele arrumará algum jeito de fugir para alcançar novas possibilidades. Geralmente começa várias tarefas e nunca as termina, pois está sempre com novas esperanças à sua frente. 



        Essas funções são sempre controladas pela vontade, podemos colocá-las fora de uso, suprimi-las, selecioná-las ou aumentá-las e são sempre dirigidas pela intenção, porém, muitas vezes, podem agir de modo autônomo, pensando e sentindo em nosso lugar e escapam do nosso controle ou mesmo agem de modo inconsciente, sem sabermos o que aconteceu e, quando iniciam, raramente podem ser interrompidas.

Conseguiu se identificar em algum deles? =)


Referência: JUNG, C.G. Fundamentos da Psicologia Analítica – Primeira Conferência, p. 8 – 16, 1985.

quarta-feira, 14 de agosto de 2019


Será que a personalidade do Psicólogo importa?


            Muitas pessoas responderiam: "Claro que não, não serei amigo do meu Psicólogo!"

            Contrariamente ao que a maioria pensa e talvez até o que alguns Psicólogos dizem, na Psicologia de Jung (Psicologia Junguiana), é infinitamente mais importante para o tratamento psíquico as duas personalidades (tanto a do Psicólogo quanto a do paciente) do que aquilo que falamos – não que se possa menosprezar o que é dito, pois também é importante como um fator de perturbação ou cura.

Parece complicado? Eu explico melhor: no encontro entre Psicoterapeuta e paciente, o método (dialético) influencia bastante, pois, o Psicólogo Junguiano jamais vai esquivar-se da influência do paciente sobre ele, jamais se esconderá atrás do profissionalismo ou autoridade. Ali, será somente o encontro entre duas pessoas, duas substâncias químicas, onde o Psicólogo mergulhará no mundo de seu paciente e vice-versa, e ambos sairão transformados.

Jung tem uma frase bem conhecida pelas redes sociais que expressam de outra forma o que eu quero dizer: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.”


            A dor do paciente, naquele momento, torna-se a nossa dor, isso chama-se empatia, aquela capacidade de dar um passeio do lado de lá, onde deixamos algo de nós e levamos algo dele. 







Referência: JUNG, C.G. A Prática da Psicoterapia - Cap. V, p. 66-73, 1971.

terça-feira, 13 de agosto de 2019


Sou um ser “ajustado” socialmente?


Algumas pessoas buscam, de alguma forma serem “ajustados socialmente ou mesmo a “normalidade”, não é mesmo? Por exemplo: Meu irmão mais velho terminou o ensino médio, fez faculdade em seguida, formou-se e está trabalhando na sua área a ganhando muito dinheiro, mas eu, não sei nem qual curso quero cursar, pois, nada ou tudo me parece atrativo. A comparação com seu irmão lhe causa sofrimento, pois, provavelmente, foi-lhe ensinado que seu irmão é socialmente ajustado e você não.

            No entanto, para outros, a simples noção de normal parece limitar-se à média, que só pode ser sentido por aquele que tem dificuldades em dar conta da sua vida no mundo que o cerca. Esse é somente um ponto de vista, pois, provavelmente, para seu irmão, que não teve dificuldade em alcançar sucessos e objetivos, a ideia de ser “normal” torna-se insuportável, sem esperança. Ou seja, alguns adoecem porque são apenas normais e outros porque não conseguem tornarem-se normais.

            As pessoas só se satisfazem com aquilo que ainda não tem. Num exemplo muito simples, eu mesma: nasci com um cabelo ralo e liso e até hoje sonho em ter um cabelão cacheado até o pé,  mas, as mulheres que nasceram providas de um cabelão desses sonham em ter um cabelo como o meu.

            As necessidades não são iguais para todo mundo! As exigências das pessoas são as mais variadas possíveis.


Qual a sua? =)





Referência: JUNG, C.G. A prática da Psicoterapia. Cap. V, p. 63 - 65, 1971.




Segredos e Inconsciente


O segredo pode ser muito destrutivo quando é estritamente pessoal, pois ele segrega seu portador do convívio com os demais, tanto mais quando ele é oculto de nós mesmos.

            E como algo pode ser ocultado de nós mesmos?

            Durante o dia temos diversos pensamentos e fantasias que associamos com os acontecimentos, porém, alguns pensamentos nos parecem tão absurdos que logo tratamos de ignorá-los. Essas fantasias não desaparecem simplesmente da nossa mente, então, para onde elas vão? Elas são enviadas para o nosso inconsciente – lá, nós não pensamos nelas. Mas essas fantasias não deixam de existir e, quando dormimos, abrimos as portas do inconsciente e elas fluem livremente através dos nossos sonhos. Quando sonhamos, elas tomam formas, imagens e proporções simbólicas que misturam-se com conteúdos próprios e arcaicos de nossas profundezas que muitas vezes não entendemos ou nos parecem tão absurdos e sem sentido.

                                                                               

Mas os conteúdos do nosso inconsciente não são somente pensamentos ou fantasias que passaram pela consciência e ignoramos. Nosso inconsciente também possui conteúdos próprios, que surgem de regiões desconhecidas e se desenvolvem, pouco a pouco, para a consciência e, de qualquer forma, todos costumam ter alguma efeito sobre ela. 

Que efeitos são esses?

            São efeitos indiretos, ou seja, não aparecem da mesma forma com que foram pensados. São pequenas interferências – chamamos de sintomas neuróticos. Você já se viu esquecendo algum nome importante, trocando as palavras ou mesmo tendo movimentos desastrados, enganos sobre memórias ou até mesmo alucinações ou mesmo atitudes das quais você não queria ter? Pois é, essas são interferências dos conteúdos do seu inconsciente.

            Mas não temos somente o segredo, pensamentos e fantasias ocultas, temos também outra forma de ocultar: conter. Geralmente o que é contido é o afeto – aquilo que nos afeta.

            Muitas vezes a contenção é algo útil e benéfico. A autodisciplina é uma arte antiga, desde os povos primitivos quando estes realizavam rituais de iniciação para suportarem o medo  e a dor. No entanto, neste caso, a contenção ocorria de forma coletiva e, atualmente, se a contenção for exclusivamente pessoal, torna-se tão destrutiva quanto um segredo e isso também pode ser ocultado de nós mesmos.

Um exemplo de contenção é quando amo alguém, mas, por medo de sofrer alguma dor, eu contenho este amor e o escondo, racionalizo, dizendo para mim mesma que não o amo, procurando defeitos ou algo que me faça desistir.

            Outro exemplo de contenção é uma mulher que tem uma gravidez indesejada (ou mesmo desejada) e em algum momento ela pensa que não seria uma boa hora ter um filho, ou que não deveria ter feito isso, mas rejeitar um filho lhe parece tão absurdo e moralmente inaceitável que ela contém este afeto.                                                                             



            E para onde vão estes afetos contidos? Para o mesmo lugar das fantasias e devaneios que achamos tolos ou absurdos: o inconsciente. Lá, tudo isso mistura-se com conteúdos próprios que já estão lá e tomam formas e simbologias próprias, é como se formasse outra personalidade de nós mesmos – a isso damos o nome de complexos - respingando em comportamentos posteriores que nos causam sofrimento e geralmente não sabemos o porquê.

            Através da exposição dos segredos e do esclarecimento de nossas partes obscuras na psicoterapia, eles são postos, aos poucos, à luz da consciência e, assim, muitas vezes descobrimos as causas de muitos comportamentos e atitudes que nos trazem sofrimento e que antes nos pareciam estranhos e sem explicação. Parece muito fácil, mas, dependendo do grau de aceitação do paciente, é muito comum, ainda assim, resistir,  justificando por diversas vias da racionalização suas atitudes para continuar tendo-as. 

                                                                               

            Muitas pessoas desistem da psicoterapia antes mesmo de enfrentar suas dores, suas obscuridades, fazendo todo o tipo de racionalização para justificarem seus comportamentos autodestrutivos. Atualmente, a questão mais comum é a falta de dinheiro. Não que isso não aconteça, de fato vivemos em uma situação econômica bem complicada, porém, aquilo que os levou à procurar o Psicólogo de repente já não é mais tão importante.

Jung tem uma frase que diz: “Não há despertar de consciência sem dor. As pessoas farão de tudo, chegando aos limites do absurdo para evitar enfrentar a sua própria alma. Ninguém se torna iluminado por imaginar figuras de luz, mas sim por tornar consciente a escuridão.”

Então, parece simples né? Confessamos tudo ao Psicoterapeuta, dando a sensação de que tudo foi jogado para fora, conhecemos nossos aspectos mais sombrios, sabemos o que provoca nossas neuroses e pronto, estamos curados? Muitas pessoas também desistem da psicoterapia neste ponto, achando que estão curados e que valeu a pena o dinheiro gasto. Porém, não é bem assim que funciona..

            Essa sensação é ilusória, pois, esta é uma racionalização e justificativa para continuar tendo as mesmas atitudes que vão continuar lhe trazendo sofrimento, pois, só saber o que as causa não quer dizer que você esteja de “alta”.. 

Não desista, o caminho pode parecer difícil, mas seu Psicoterapeuta estará ao seu lado, de mãos dadas com você! 






Referência: JUNG, C.G. A prática da Psicoterapia. Cap. V, p. 54 - 60, 1971. 


Bem vindos!



Bem vindos ao PsicoSelf!


Sou Aline Pereira, Psicóloga.

Ouço de muitas pessoas o quanto gostariam ou precisam de um Psicólogo, mas que é muito caro e por isso não fazem psicoterapia.

Por isso resolvi criar este blog, no intuito de aproximar a Psicologia das pessoas, conversarmos de uma forma descomplicada, desconstruir mitos e fantasias sobre a psicoterapia, falar sobre nossas relações com as pessoas e o mundo em todas as idades e compartilhar curiosidades! =)